quinta-feira, 7 de julho de 2016

Inatismo


Baseado na ideia de que a alma precede o corpo, Platão afirmou que aprender é relembrar, pois antes de encarnar, a alma teria acesso a determinados conhecimentos, dominando-os desde que nasce, esses saberes ficariam adormecidos até que fossem trazidos à tona e organizados com a ajuda de um educador. O estudante aprenderia por si mesmo. Platão defendia que essas habilidades seriam distribuídas por Deus e, por isso, não via possibilidade de mudança. Uns seriam feitos para governar, outros para auxiliar, outros para lavrar etc..
Segundo Leibniz, um dos filósofos defensores do inatismo, o maior argumento que baseia essa teoria seria a harmonia universal entre os homens. Já Locke, um dos críticos do inatismo, defende que tal harmonia se dá pela experiência, ou seja, acontece se for percebida pelos sentidos. Em sua defesa, Leibniz declarou que as experiências são importantes, mas para trazer à tona os saberes inatos já inerentes ao homem. Locke afirmava que a alma humana poderia ser comparada o uma lousa vazia, já Leibniz a comparava com uma pedra mármore, que possui veios nos quais já estariam impressos virtualmente traços daquilo que irá se tornar. A experiência assim faz do “mármore” efetivamente aquilo que ele já era virtualmente.
Partindo desse princípio, podemos refletir o motivo das ideias estarem na alma de forma seletiva. Para os teóricos do inatismo, o motivo seria a vontade de Deus e sua necessidade de fazer cumprir o seu propósito e são essas ideias que tornam o conhecimento do Ser divino possível. Porém, tais ideias nunca seriam conhecidas se não fosse a experiência, pois são os sentidos que as desperta. Para Leibniz, a moral seria impressa na alma humana antes da harmonia universal, segundo ele, a moral só pode ser algo que vem do interior do homem. Esta se depararia com as verdades necessárias e as decodificaria de algo confuso para algo que faria sentido para cada um. Para ele, a razão possui luz natural dada por Deus e é capaz de iluminar as ideias inatas na alma. O autor diferencia ainda a verdadeira moral (conhecida pela razão) da que é conhecida pelos sentimentos confusos da alma.
Essa teoria não tem muita aceitação na contemporaneidade, entretanto, na prática, há muito dela sendo utilizada. Vemos seu uso pelo lado bom, quando incentivamos os alunos a buscar respostas às suas dúvidas com independência, mas também o vemos pelo lado mau, quando justificamos que alguns dos nossos alunos não têm habilidade para aprender.


Referências:

O Inatismo de Lebniz e o fundamento da moral
Disponível em: <http://www.bjis.unesp.br/revistas/index.php/ric/article/view/112\> Acessado em 09 de março de 2016, às 13:28

Inatismo, empirismo e construtivismo: Três ideias sobre a aprendizagem Revista Escola Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/inatismo-empirismo construtivismo-tres-ideias-aprendizagem-608085.shtml> Acessado em: 09 de março de 2016, às 13:30

Nenhum comentário:

Postar um comentário