quinta-feira, 7 de julho de 2016

Resenha do cap. 4 do livro: Filosofia e Educação

Tomás de Aquino – Filosofia e Pedagogia

Resumo do texto:

O pensamento de Tomás de Aquino, o mais importante pensador medieval, tem grande influência na pedagogia atual. Numa breve contextualização histórica, podemos ressaltar que após um período de escassez intelectual, no séc. XIII, acontece um tipo de renascimento cultural. Houve a queda do Império Romano no Ocidente e muitas invasões bárbaras, da qual podemos destacar, não somente o analfabetismo, mas o não registro gráfico de sua cultura, o que deixou a educação em condições precárias. Esta era a realidade da maior parte da Europa. No ano de 529, podemos destacar dois grandes marcos: O Imperador Justiniano fechou a Academia de Atenas (cultura pagã) e São Bento funda o Mosteiro do Monte Cassino. Esses dois acontecimentos inauguram a Idade Média, segundo alguns historiadores. O pouco conhecimento que restou no fim da Idade Média estava nos mosteiros beneditinos, pois, os bárbaros respeitavam os mosteiros como espaços sagrados. Assim, os mosteiros foram preservados e passaram a representar não só um espaço para orações e dedicação à vida devocional, mas um espaço de estudo, pesquisa, educação e cultura. Nos séculos XII e XIII acontecem mudanças importantes: há um processo de urbanização e as escolas monásticas são substituídas pelas escolas catedrais e universidades. Surgem as ordens mendicantes como a dos dominicanos – à qual Tomás de Aquino se filiará – e a dos franciscanos. Há uma redescoberta da filosofia aristotélica e das ciências. Diferente da Primeira Idade Média, onde o pensamento foi compilado com diversos resumos pelos padres por orientação de Boécio, o século XII oferece oportunidade de confecção de grandes sínteses pessoais, são as chamadas Sumas. É nesse momento que emerge o pensamento de Tomás de Aquino.
O entendimento religioso as época era de que o homem era formado de diferentes almas e o corpo era uma limitação para a elevação total do espírito. Tomás de Aquino entende que o homem é formado de alma e corpo e que este também precisa de tratamento, cuidado e preocupação. Chega a defender que o jejum que prejudica o corpo é pecado, pois este dever ser preservado. Nessa visão, o jejum não poderia enfraquecer a carne a ponto de impedir o homem naquilo que deve fazer, como por exemplo: impedir o professor de ensinar, o pregador de pregar ou o homem ser impedido de atender sexualmente a sua mulher. Tomás de Aquino escreve que é através do corpo que a alma adquire perfeição e conhecimento para alcançar a virtude e, assim, alcanças a sua finalidade. Ele discorre, também, sobre a prudência. Abrimos espaço para explicar que a prudência da qual fala Tomás de Aquino não se refere à prudência tal qual conhecemos hoje, pois houve alteração semântica. A prudência sobre a qual Tomás fala não é o “ficar em cima do muro”, mas a fazer escolhas com base apenas na realidade. Sob essa perspectiva, defende que, ao tomar uma decisão, o homem deve levar em conta apenas a realidade, o “aqui e agora”, deixando de lado interesses oportunistas, impulsos, temores, preconceitos, religião, etc.. A “reta razão aplicada ao agir” repetida por Tomás de Aquino é tomar a decisão certa. Tomás ressalta que, ao tomar uma decisão embasada no interesse de outrem, o que fazermos é buscar transferir a responsabilidade assim, não passamos de crianças dependentes das opiniões ou decisões alheias. Orienta que, ao levar em conta a realidade, não podem ser confeccionados manuais para a vida prática, pois estes não seriam aplicáveis a todas as situações encontradas. Ao decidir agir com prudência, o homem deve analisar cada momento a fim de tomar a decisão correta para a situação, assumindo eventuais consequências. Não há regra formal, existem critérios gerais, mas não formatações concretas. Tomás de Aquino coloca, também que, por não conhecermos corretamente as coisas, ficamos à mercê das incertezas. Nesse caso, é importante recorrer à memória do passado, examinar as circunstâncias e aconselhar-se (aconselhar-se a si mesmo e não tomar conselho de outro). A prudência coloca cada pessoa como protagonista da sua vida, somente ela é responsável por conhecer a realidade, tomar decisões e atingir seus objetivos. As tentativas de suprimir a prudência são, de maneira geral, com a intenção de retirar a personalidade, diminuir a confiança da pessoa a torná-la dependente.

Comentários:

É conhecido que a Igreja Católica monopolizou o conhecimento por muitos séculos mas, compreendendo o contexto histórico e social, podemos entender que foi por causa desse monopólio que ainda temos boa parte do conhecimento antigo, pois foram nos mosteiros que esses escritos foram preservados, traduzidos e estudados.

  Em relação ao entendimento de Tomás de Aquino sobre a relação espírito-matéria, podemos entender que é de grande importância para os tempos de hoje. Principalmente quando pensamos em educação, pois já temos perfeitamente enraizado o pensamento de que uma pessoa não consegue estudar se estiver com fome ou debilitada fisicamente. A alimentação escolar é extremamente importante para aumentar o rendimento dos alunos. A respeito das colocações em relação à prudência, entendemos ser de vital importância o estímulo à independência desde a educação infantil. Orientar para que as crianças comecem a tomar decisões cada vez menos contaminadas com preconceitos e concepções externar é formar as bases de uma sociedade consciente, crítica e ativa.

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